24/09/2009 - 06h18
Em Cáceres, 50 crianças sofrem violência sexual anualmente
Sinézio Alcântara
de Cáceres
Um dado preocupante no Dia Internacional de Combate a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, lembrando ontem: em média 50 crianças e adolescentes são exploradas e abusadas, sexualmente, por ano, em Cáceres. É o que aponta um levantamento feito pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), órgão ligado a Secretária Municipal de Ação Social. O estudo revela que, atualmente, 220 vítimas são atendidas, no município, através de orientação, prevenção e assistência social. Há ainda informações, não oficiais de tráfico de mulheres para vários países, como Portugal, Espanha e Suriname.
Apesar das ações de combate a esse tipo de violência, os números são crescentes: em 2005 foram registrados 30 casos; 2006, 53 casos; 2007, 52; 2008, 58 e, somente no primeiro semestre de 2009, 26 novos casos de exploração e abuso sexual já foram registrados no CREAS. O aumento gradativo, conforme a coordenadora do CREAS, Fernanda Magalhães, deve-se ao trabalho desempenhado pela mídia que passou a divulgar mais e, principalmente, o engajamento da sociedade na luta contra esse tipo de crime.
“Antes já havia exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes. Porém, pouca gente denunciava. Hoje, com o trabalho de conscientização feito pelos órgãos competentes, encabeçado pela Secretaria de Ação Social, e pela mídia, as pessoas se engajaram e passaram a denunciar mais. O que resulta no aumento dos casos” justifica. A situação é preocupante, segundo Fernanda, porque a maioria dos agressores permanece impune. As vítimas, temendo represálias e até mesmo para evitar constrangimentos, preferem não denunciar, o que acaba favorecendo os criminosos, explica ela.
De acordo com o estudo, o maior número de vítimas é do sexo feminino. Os casos de abusos acontecem, geralmente, com meninas na faixa etária de 7 a 14 anos. A maioria dos casos é infra-familiar. Ou seja: acontecem dentro da família. Já os casos de exploração, acontecem com meninas com idade entre 15 e 18 anos. Os casos de abusos, conforme a psicóloga do CREAS, Tânia Ramires, são os mais denunciados, ao contrário dos da exploração.
“Os abusos são mais denunciados porque são praticados contra crianças. Já a exploração, na maioria das vezes não é porque, configura o comércio. E, geralmente, acontecem com o consentimento das vítimas”, explica Ramires lembrando que além do primeiro atendimento às vítimas, através de apoio, orientação e acolhimento, o CREAS comunica, oficialmente, os casos aos órgãos competentes – Ministério Público ou Delegacia da Mulher para que os aliciadores sejam responsabilizados.
Há ainda informações, não oficiais, de tráfico de mulheres para vários países como Portugal, Espanha e Suriname. Porém, conforme o CREAS, nenhum caso foi registrado oficialmente, em Cáceres. “Existem esses comentários. Porém, não há no CREAS, nenhum registro oficial. Até porque, quando isso ocorre elas são levadas da cidade com a promessa de trabalhar. E, só se caracteriza o tráfico depois que elas já estão lá, sendo exploradas e prostituídas”, explica a coordenadora.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
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